KIM, Yeon Jung; VIANA, Aline Cavalcanti; SCAREL-CAMINAGA, Raquel Mantuaneli. Influência de fatores genéticos na etiopatogênese da doença periodontal. Revista de Odontologia da Unesp, São Paulo, n. , p.175-180, 2007. |
Estima-se que a forma severa da doença atinja cerca de 10% dos adultos1. No Brasil, em 1986, um levantamento epidemiológico feito pelo Ministério da Saúde em capitais de 16 Estados revelou que 7,4% dos indivíduos com 50 a 59 anos tinham um ou mais sítios com profundidade à sondagem ≥5,5 mm. Uma pesquisa realizada no Rio Grande do Sul revelou que aproximadamente 65% da população estudada apresentavam dentes com profundidade à sondagem ≥5,5 mm2. Um crescente corpo de evidências científicas sugere associação entre infecção oral e doenças sistêmicas como aterosclerose, distúrbios cardiovasculares, artrite, diabetes e doenças pulmonares3. Nesse contexto, a DP tem se mostrado um problema de saúde pública de grande seriedade.Está bem estabelecida que a DP crônica é uma doença infecciosa caracterizada por um processo inflamatório destrutivo que afeta os tecidos de suporte do dente. Clinicamente, podem ser formadas bolsas periodontais, reabsorção do osso alveolar e eventual perda do elemento dental4. Histologicamente é caracterizada por acúmulo de células inflamatórias na porção extravascular do tecido conjuntivo gengival. Devido à maioria das bactérias periodontopatogênicas residirem nas bolsas periodontais, o sistema imune tem dificuldade em eliminar esses microrganismos.Ocorre recrutamento de leucócitos e subseqüente liberação de mediadores inflamatórios, resultando em inflamação crônica e destruição do tecido.Além da infecção por periodontopatógenos e da resposta do hospedeiro, o caráter multifatorial da DP sofre influência de fatores de risco como fumOe diabetes12, além de indicadores de risco como stress psicossociale osteoporose.Em um estudo realizado com 110 gêmeos adultos, foi avaliada a condição periodontal pela profundidade de sondagem e pelos nível de inserção, índice gengival e índice de placa. A população estudada consistiu de 63 pares de gêmeos MZ (criados juntos), 33 pares de gêmeos DZ (mesmo sexo e criados juntos) e 14 pares de gêmeos MZ (criados separadamente). Foi observado que a correlação da DP entre os gêmeos MZ criados juntos foi significativamente maior do que a encontrada nos gêmeos DZ17. Enfocando a influência de fatores ambientais como o hábito de fumar e o uso de serviço odontológico, outros 117 pares de gêmeos foram estudados (64 MZ e 53 DZ). Estimou-se que a periodontite crônica possui aproximadamente 50% de hereditariedade, mesmo após ajustes para as variáveis comportamentais. A influência que fatores genéticos individuais teriam sobre a presença intrabucal de A. actinomycetemcomitans, P. gingivalis, Prevotella intermedia, Eikenellacorrodens e Fusobacteriumnucleatumfoi avaliada em um estudo realizado com 169 gêmeos com periodontite agressiva. Em gêmeos criados separadamente (21 MZ e 17 DZ) e gêmeos criados no mesmo ambiente familiar (83 MZ e 48 DZ), a prevalência bacteriana nos indivíduos foi de 11% para P. gingivalis, 22% para A. actinomycetemcomitans, 19% para P. intermedia, 0,34% para E. corrodense 40% paraF. nucleatum.De acordo com os resultados desses estudos, pode-se concluir que fatores genéticos exercem maior influência na herança da periodontite do que fatores relacionados ao ambiente, como a presença de microrganismos e hábitos comportamentais.A agregação familiar da periodontite agressiva (PA) motivou a investigação de um possível envolvimento da genética nessa patologia. A presença de PA entre irmãos da mesma família tem sido relatada por diversos estudos20-21. Pesquisadores avaliaram 631 indivíduos pertencentes a diferentes famílias, dos quais 106 apresentaram periodontite juvenil localizada, 130 periodontite juvenil generalizada, 254 não eram afetados e 141 indivíduos tinham situação periodontal desconhecida. Foi concluído que o modo mais provável de herança seria o autossômico dominante, tanto em famílias de caucasianos como de afro-americanos.
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