MUÑOZ, Miguel Angel et al. Aspectos genéticos e imunológicos da periodontite agressiva. Revista Sul-brasileira de Odontologia, Ponta Grossa, n. , p.90-94, 20 ago. 2009. |
Aspectos genéticos e imunológicos da periodontite agressiva |
A periodontite agressiva (PA) é uma doença de destruição rápida do periodonto de sustentação que acomete pacientes sistemicamente saudáveis e tende a ter agregação familiar. O paciente pode apresentar quantidades de cálculo e biofilme dental não compatíveis com a destruição tecidual, elevadas proporções dos periodontopatógenos Aggregatibacter actinomycetemcomitans e Porphyromonas gingivalis e progressão da perda óssea e de inserção autolimitantes.Fatores genéticos e ambientais estão associados à susceptibilidade do paciente à PA. Alguns polimorfismos têm sido relacionados com a intensidade da reposta do hospedeiro ao biofilme dental. Pacientes com PA contêm níveis elevados de leucócitos periféricos e globulina sérica, enquanto a albumina sérica e a razão albumina/globulina estão diminuídas [22].Há também aumento na concentração de anticorpos reativos com um número limitado de periodontopatógenos, na concentração serosa de imunoglobulina G (IgG), principalmente de IgG2 [21], e de proteína C-reativa [18]. A agregação familiar é uma ocorrência comum na PA. A explicação para essa agregação seria a transmissão de polimorfismos genéticos que alteram a susceptibilidade do hospedeiro à doença, exacerbando a resposta inflamatória. Os padrões de transmissão dos genótipos variam de acordo com as diferentes populações, podendo esta ser autossômica dominante em afro-americanos [9], autossômica recessiva em escandinavos [19] ou dominante ligada ao X [6].Outra característica típica da PA é a apresentação anormal dos neutrófilos, a primeira linha de defesa do organismo contra agentes estranhos. Diante dos microrganismos do biofilme dental, os neutrófilos liberam quimiocinas, citocinas e moléculas de adesão, as quais promovem o recrutamento de novos neutrófilos e células de defesa, iniciando o processo inflamatório.A PA pode ainda ser subdividida em localizada ou generalizada, de acordo com sua extensão. Para a Academia Americana de Periodontologia (AAP), a forma localizada da doença apresenta forte resposta de anticorpos serosos aos agentes infectantes, ao contrário da generalizada [1].O biofilme dental é indiscutivelmente o agente etiológico primário da PA. Apesar de a AAP aceitar que muitas vezes a quantidade de cálculo/biofilme dental presente não é compatível com a destruição tecidual apresentada, a presença de cálculo supragengival foi considerada um fator de risco para a doença em uma população brasileira (OR = 3,6) [24].A PA leva a um aumento na concentração sérica de diversas substâncias indicadoras de processo inflamatório, como mediadores químicos e citocinas pró-inflamatórias, além de apresentar resposta de anticorpos aos diferentes periodontopatógenos.Também há que se obser var o caráter autodestrutivo dessa classe de doença periodontal. Por meio de algum mecanismo, a linha de defesa do organismo oferece uma resposta exacerbada a um estímulo externo (biofilme dental) que, ao mesmo tempo em que combate o agente agressor, promove destruição tecidual considerável.Recentemente, demonstrou-se que a transmissibilidade da PA envolve alguns poucos loci, cada um com relativamente poucos efeitos [3]. Isso é importante para que, no futuro, haja testes de susceptibilidade genética ou predisposição ao desenvolvimento da doença, intensificando o controle em pacientes predispostos. |
“Ninguém sabe o que se passa na minha mente. Ninguém ao menos imagina o que me causa dor, nem o que me faz perder o sono.”
sábado, 4 de junho de 2011
FICHAMENTO 3
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