quarta-feira, 27 de abril de 2011

Transposição Dentária

Transposição entre incisivo lateral e canino permanentes inferiores
Conceitua-se como transposição dentária, a ectopia de dentes permanentes que redunda na inversão de suas posições naturais na arcada dentária, no mesmo quadrante6. Dois tipos de transposições dentárias são apontados na literatura como apresentando etiologia essencialmente genética e, portanto, comumente associadas a outras anomalias dentárias: a transposição entre canino e primeiro pré-molar na arcada superior, e a transposição entre canino e incisivo lateral permanentes na arcada inferior25.
Uma transposição quase sempre incompleta entre o incisivo lateral e o canino inferiores resulta da erupção ectópica do incisivo lateral para distal, durante o primeiro período transitório da dentadura mista. Nessa circunstância, o dente ectópico é o incisivo lateral. O canino permanente mantém-se em seu trajeto eruptivo normal. O incisivo lateral inferior permanente, quando "erra" o seu trajeto eruptivo, desloca-se para distal, com uma marcante angulação de seu longo eixo de modo que a coroa desloca-se para distal (geralmente com rotação mesiolingual), chocando-se contra e reabsorvendo a raiz do primeiro molar decíduo, enquanto o ápice radicular localiza-se próximo à sua posição normal (Fig. 12). No final do segundo período transitório da dentadura mista - quando o problema não é interceptado -, o canino inferior, geralmente em sua posição normal na arcada dentária, ao irromper define a transposição dentária.

Essa anomalia apresenta uma prevalência rara, aparecendo em aproximadamente 0,03% da população, e afeta predominantemente o gênero feminino (75% dos casos). Expressa-se bilateralmente em, aproximadamente, 17% dos casos e, quando ocorre unilateralmente, o lado direito aparece mais afetado (68%) do que o esquerdo (32%)23.
Existem algumas evidências de que a etiologia da transposição entre o incisivo lateral e o canino inferior apresenta um caráter genético23,25. Peck, Peck e Kataja23, numa notável amostra de 60 pacientes com esse tipo de transposição, acharam uma prevalência aumentada de agenesias e de incisivos laterais conoides associada a essa anomalia de posição (Tab. 1). Mais especificamente, essa modalidade de transposição associa-se com alta prevalência de agenesias de segundos pré-molares e terceiros molares, enquanto a prevalência de agenesia de incisivos laterais superiores não difere da população em geral23.




Na dentadura permanente, o tratamento da transposição entre o incisivo lateral e o canino inferior resume-se no alinhamento, mantendo a posição permutada desses dentes na arcada dentária23. Duas razões justificam essa abordagem terapêutica. A primeira delas é o paralelismo radicular dos dentes envolvidos na transposição, observado após o estágio de dentadura mista23. Outra característica morfológica local que invalida a tentativa de reverter a ordem dentária diz respeito à quantidade de osso disponível na mandíbula, no sentido vestibulolingual. Diferentemente, quando a transposição é diagnosticada mais precocemente, ainda na dentadura mista, o tratamento interceptor bem conduzido pode prevenir a determinação efetiva da transposição. No estágio que precede a erupção do canino inferior, somente a coroa do incisivo lateral mostra-se em posição ectópica, enquanto o ápice mantém sua posição normal23,29. Nessa fase, a verticalização do incisivo lateral inferior, mediante mecânica com aparelho fixo parcial, ou nivelamento 4x2, evita a ocorrência da transposição com a erupção dos caninos inferiores29 



Um comentário:

  1. E como fazer a correção quando o problema é diagnosticado cedo, ainda na formação dos dentes permanentes?

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